quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Projecto "Mira Sintra, Um Bairro Sustentável" - Resultados da Microprodução

A Agência Municipal de Energia de Sintra elaborou, em 2007, um estudo de Análise da Estrutura Habitacional e soluções de Sustentabilidade Energética e Ambiental para o bairro de Mira Sintra. Deste estudo concluiu-se que a freguesia tem uma disposição e exposição solar excelente devido ao espaçamento e orientação dos edifícios, apesar de não haver qualquer optimização destas condições, tendo-se originado o ponto de partida para o projecto “Mira Sintra, Um Bairro Sustentável”.

O Projecto “Mira Sintra, Um Bairro Sustentável”
A sua implementação iniciou-se em 2008 com a instalação de painéis fotovoltaicos em 6 edifícios do bairro durante o projecto-piloto, e em mais três edifícios em 2009; foram entregues cerca de 11000 lâmpadas às famílias de Mira Sintra e realizaram-se diversas acções de sensibilização para a utilização racional de energia e promoção da eficiência energética. Estas duas últimas acções foram financiadas pela ERSE no âmbito do Plano de Promoção da Eficiência no Consumo da Energia Eléctrica. A implementação da unidade de microprodução no edifício 5 do condomínio Av. Timor Lorosae efectuou-se em 2009, tendo sido a Sotecnisol a empresa parceira deste projecto, responsável pela instalação da unidade de microgeração.

Condições de instalação
A instalação da unidade de microgeração fotovoltaica de 4,40 kWp ficou a cargo da Sotecnisol, mais especificamente da sua parceira Sonervest, que financiou a aquisição do material, suportando os custos para a sua instalação, licenciamento e manutenção, e recebendo, em contrapartida, 75% do valor resultante da energia vendida à rede através da unidade de microgeração durante 20 anos. Após este período, as receitas da venda de energia reverterão totalmente a favor do condomínio, sendo o período de vida expectável deste tipo de equipamento de 25 anos.


Figura 1: Unidades de microgeração instaladas no condomínio Timor Lorosae.



Resultados
Através das facturas de compra e venda de electricidade da EDP disponibilizadas pelo Administrador de Condomínio, foi possível analisar a produção mensal da unidade de microgeração durante o 1º semestre de 2011. Na Tabela 1 é discriminada a produção da unidade de microgeração em kWh, assim como os valores financeiros associados a essa produção, os 25% creditados na conta do condomínio criada no contexto da instalação da unidade, e o saldo entre o consumo de energia eléctrica no condomínio e os 25% da produção (coluna “Crédito”).



Tabela 1: Produção da unidade de Microgeração do Edifício 5 do Condomínio Av. Timor Lorosae.
Gráfico 1: Variação mensal da microprodução no primeiro semestre de 2011.



Análise de resultados
Comparando o gráfico 1 com os resultados espelhados na Tabela 1, podemos verificar que a produção da unidade de microgeração do edifício 5 durante o 1º semestre de 2011 foi superior às previsões, ou seja, a unidade produziu mais kWh mensais, o que se reflectiu num retorno financeiro superior ao previsto.

Através da análise da Tabela 1 e do Gráfico 1 podemos verificar que:
- A produção total da unidade de microprodução do Edifício 5 durante o 1º semestre de 2011 foi de aproximadamente 3390 kWh. Extrapolando para uma produção anual, ou seja, dobrando esse valor, obtém-se 6780 kWh, aproximadamente.
- A microprodução atingiu o seu máximo em Junho, com 698 KWh, correspondendo a 389 € de rendimento financeiro bruto e 97,25 € de rendimento líquido, ou seja, os 25% que reverteram a favor do condomínio.
- O mínimo de produção foi registado em Janeiro, com 359 kWh, correspondendo a 200,07 € de rendimento bruto e a 50,02 € de rendimento líquido, tendo sido este o único mês em que os 25% que reverteram a favor do condomínio foram inferiores aos gastos em energia eléctrica do mesmo (débito de 23,87 €).
- A microprodução mensal resultante registou valores superiores ao valor médio (565 kWh) entre os meses de Março e Junho;
- A microprodução mensal ficou abaixo da média nos meses restantes, ou seja, em Janeiro e Fevereiro;
- O rendimento financeiro bruto da unidade de microgeração no 1º semestre de 2011 foi de aproximadamente 1900 €;
- O rendimento financeiro bruto da unidade de microprodução registou valores máximos, mínimos e acima ou abaixo da média de igual forma que a produção, uma vez que esses valores estão directamente relacionados.
- O rendimento financeiro líquido da unidade de microgeração, ou seja, os 25% que reverteram a favor do condomínio durante o 1º semestre de 2011, foi de aproximadamente 472 €;
- O lucro mensal resultante da microprodução excedeu sempre o gasto mensal em consumo energético do condomínio excepto em Janeiro;
- O saldo entre o rendimento financeiro líquido e os gastos em energia eléctrica no condomínio foi de 71,87 €, ou seja, o condomínio lucrou quase 72 € durante o 1º semestre de 2011 com a unidade de microgeração.

Conclusões
O rendimento financeiro bruto da unidade de microgeração do edifício 5 do Condomínio Av. Timor Lorosae do Bairro de Mira Sintra, durante o 1º semestre de 2011, foi de aproximadamente 1900 €. Extrapolando para produção anual, atinge-se os 3800€.

O lucro mensal resultante da microprodução, ou seja, os 25% que reverteram para o condomínio durante este período, foi de aproximadamente 472 €, valor que permitiu exceder o gasto mensal em consumo energético do condomínio em todo o semestre excepto em Janeiro. Este é um excelente resultado, permitindo que o total de rendimento líquido do condomínio seja superior aos gastos, resultando não só na anulação das despesas de consumo como no lucro para o condomínio de aproximadamente 72 €, o que, extrapolando para uma produção anual, originaria um lucro de aproximadamente 144 €.

Esta unidade de microgeração fotovoltaica permitiu ainda que fossem evitados cerca de 1,25 toneladas de CO2 durante o período analisado, contribuindo para a meta nacional de redução de emissões estabelecida no Plano Nacional para as Alterações Climáticas (PNAC).

Sem comentários: